ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 03-9-2002.

 


Aos três dias do mês de setembro do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e quinze minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear a Semana da Pátria e os cento e oitenta anos da Independência do Brasil, nos termos do Requerimento nº 115/02 (Processo nº 2186/02), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, 2° Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Major-Brigadeiro Juniti Saito, Comandante do V Comando Aéreo Regional - COMAR; o General-de-Brigada Gilberto Arantes Barbosa, Comandante da Artilharia Divisionária da 6ª Divisão do Exército e representante do Comando Militar do Sul; o Senhor Luís Alberto Aurvalle, Procurador-Chefe da Procuradoria Regional da República da 4º Região; o Senhor Vilson Martins, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Capitão-de-Mar-e-Guerra Péricles Vieira Filho, Delegado da Capitania dos Portos de Porto Alegre; o Major Loecir da Silva Hernandez, representante do Comando da Brigada Militar; o Senhor Jayme Paz da Silva, representante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB; o Senhor Pedro Dauro de Lucena, Presidente da Liga da Defesa Nacional; o Senhor Guilherme Barbosa, Secretário Municipal de Obras e Viação; o Vereador Pedro Américo Leal, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem os Hinos Nacional e da Independência, executados pela Banda de Música da Brigada Militar, sob a regência do Maestro Subtenente Marco Aurélio e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Mesa Diretora e da Bancada do PPB, aludindo às comemorações pertinentes à Semana da Pátria e à Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, discorreu sobre os acontecimentos históricos que resultaram na declaração da Independência do Brasil. Ainda, ressaltou a contribuição dada por personalidades que colaboraram para a realização desse propósito, especialmente o Senhor Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. O Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PC do B, enaltecendo os cento e oitenta anos da Independência do Brasil, analisou criticamente as relações políticas e econômicas estabelecidas entre o Brasil e os Estados Unidos da América – EUA, referindo-se à possibilidade de criação da Área de Livre Comércio das Américas - ALCA e apontando a necessidade de ações que busquem defender as riquezas e a soberania nacional. O Vereador Carlos Pestana, em nome da Bancada do PT, homenageando a passagem do dia Sete de Setembro, salientou a importância desta data no que se refere à reflexão sobre a atual conjuntura econômica brasileira, contrapondo-se à implementação da ALCA. Ainda, traçou um comparativo entre os dispositivos desse acordo e o de natureza similar estabelecido entre os Estados Unidos da América e o México. O Vereador Isaac Ainhorn, externando a satisfação de Sua Excelência em participar da presente solenidade, pertinente às comemorações alusivas à Semana da Pátria, reverenciou o transcurso dessa data, destacando a relevância histórica da mesma. Nesse sentido, evocou os ideais de patriotismo e lealdade demonstrados pela conduta exemplar do Senhor Luís Alves de Lima e Silva em defesa dos referidos ideais. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, exaltou o dia da Independência do Brasil, procedendo à análise filosófica da conceituação de Pátria, enfocando a singularidade desse conceito e citando pronunciamento do Senhor Rui Barbosa relativo ao tema. Também, manifestou-se sobre as comemorações pertinentes ao Dia do Soldado, realizadas neste Legislativo durante a Sexagésima Quarta Sessão Ordinária. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que o Senhor Guilherme Barbosa se ausentaria da presente Sessão, face a compromissos anteriormente assumidos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PFL, enfatizando a justeza da presente solenidade destinada a homenagear a Semana da Pátria, lembrou as atividades desenvolvidas pelos Forças Armadas Brasileiras no sentido de preservar e defender as fronteiras do País. Também, posicionou-se contrariamente às diretrizes político-ideológicas adotadas pelo Governo do Estado, afirmando que as mesmas não condizem com os ideais patrióticos. O Vereador Haroldo de Souza, em nome da Bancada do PHS, saudou o transcurso dos cento e oitenta anos da proclamação da Independência do Brasil, reiterando as manifestações dos Vereadores que o antecederam na Tribuna. Também, gizou a admiração de Sua Excelência pelo trabalho realizado pelas Forças Armadas Brasileiras em prol do bem comum, chamando a atenção desta Casa para a importância das mesmas na manutenção da paz. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem o Hino Rio-Grandense, executado pela Banda de Música da Brigada Militar, sob a regência do Maestro Subtenente Marco Aurélio e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e vinte e cinco minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Pedro Américo Leal, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Pedro Américo Leal, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1° Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Neste momento damos início à Sessão Solene em homenagem à Semana da Pátria. Cento e Oitenta anos da Independência. Sessão essa que decorre de um dispositivo do Regimento da Casa, que de forma sábia estabelece a realização, sempre nesta época, época da Semana da Pátria, de uma Sessão Solene que é proposta pela Mesa Diretora e pelo conjunto da Casa.

Compõem a Mesa o Ex.mo Sr. Juniti Saito, Major-Brigadeiro Comandante do V COMAR; o Ex.mº Sr. Gilberto Arantes Barbosa, Comandante da Artilharia Divisionária da 6.ª Divisão do Exército, neste ato representando o Comandante Militar do Sul; o Ex.mº Dr. Luís Alberto Aurvalle, Procurador-Chefe da Procuradoria Regional da República – 4ª Região; Sr. Vilson Martins, representando a Prefeitura Municipal de Porto Alegre; Sr. Péricles Vieira Filho, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Delegado da Capitania dos Portos de Porto Alegre; Sr. Loecir da Silva Hernandez, Major, representando o Comando da Brigada Militar; Dr. Jayme Paz da Silva, representando o Conselho da OAB/RS; o Sr. Pedro Dauro de Lucena, representante da Liga da Defesa Nacional; Ver. Guilherme Barbosa, Secretário de Obras, que está com designação oficial da Prefeitura de Porto Alegre. Seja bem-vindo, Vereador.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional e do Hino da Independência, pela Banda de Música da Brigada Militar, regida pelo Maestro Subtenente Marco Aurélio.

 

(Executam-se o Hino Nacional e da Independência.)

 

Como afirmamos anteriormente, esta Sessão Solene é uma decorrência de disposição expressa no Regimento da Casa e foi nele inserida em função da atuação de alguns Vereadores que entendem que naturalmente os festejos da Semana da Pátria têm de ser algo oficial da Casa e nela se insere como imposição regimental por todo o sempre.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra, em nome da Mesa Diretora da Casa e do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sr. Delegado da Capitania dos Portos de Porto Alegre, Capitão de Mar e Guerra Péricles Vieira Filho, o saúdo pela promoção recentemente obtida, pelo critério de merecimento. O Rio Grande tem peculiaridades: em todo o Brasil se comemora a Semana da Pátria; aqui, se comemora o mês da Pátria. O mês da Pátria, pois nós iniciamos nas festas de Caxias, atravessamos o Dia da Independência e vamos atingir a Semana Farroupilha. Isso é belo.

Hoje estamos aqui para peculiarmente destacar o Dia da Independência. Ora, afirmar-se que a Independência do Brasil foi obra do trabalho, da perseverança dos irmãos Andradas, da influência da maçonaria, é uma evidente redundância. Nela encontramos a influência da mulher, através do trabalho da Princesa Dona Leopoldina, que foi um canal, foi o veio pelo qual investiram os inteligentes irmãos Andradas, principalmente José Bonifácio, numa penetração psicológica, para sensibilizar o Príncipe. Era um espírito irrequieto, vaidoso, aventureiro, mas que haveria de se embalar, pensavam eles, na glória dos acontecimentos. E não erraram! O grito, sim, o grito foi um lance épico. Mas o que sucederia no dia seguinte? Como seria o dia seguinte? Que conseqüências políticas e militares esse gesto acarretaria? O que faria Portugal, vendo-se despojado da rica colônia que era o Brasil? A família real havia embarcado, deixara raspado o tesouro. No Sete de Setembro, só a Paraíba aderiu. Pernambuco hesitava e a Bahia e outros Estados sublevaram-se. Não fora a esquadra de Lord Cochrane e a espada firme e serena de Caxias – sempre esquecido Caxias; Caxias é, no Brasil, uma figura esquecida pelo mundo civil; a importância de Caxias - tudo teria ido águas abaixo. Não passaria de uma bravata! Alguém levantou uma espada, deu um grito num riacho, perto de uma venda, e nada mais! No tempo, sem conseqüências.

Se os Andradas e a maçonaria prepararam a cena do Ipiranga, coube a Caxias, depois de todo o estardalhaço, juntar os pedaços da “explosão”. Daí a sua alcunha de Pacificador, medalha que tenho a honra de possuir, com e sem palmas.

A inteligência dos Andradas, estudando a personalidade do Príncipe, arrogante, mulherengo, sensível, artista nato, autor do Hino da Independência, dispensa considerações. Uma figura fascinante! Pedro era um misto de Dom Quixote e de Casanova. Amigo dos seus amigos, onde se alinhavam o canalha do Chalaça, o João Corbato, o moço da cozinha, o barbeiro Flácido, eram seus companheiros inseparáveis. Transitava com eles pelas cavalariças muito mais do que pelos salões do Paço, e no Palácio.

Urgia, então, uma espada, colocando, nos lugares, as desarrumações daquela “explosão” que foi o Grito da Independência. Luiz Alves de Lima e Silva foi o guardião de dois imperadores: Cinqüenta anos de serviço à Pátria. Imaginem as logísticas de guerra, as montagens estratégicas, os deslocamentos de tropa, os planejamentos, naquela época. Não é agora, foi naquele tempo. Nesse ambiente político, tornamo-nos independentes; economicamente, até hoje, não somos, não logramos, porque, com o embarque da família real, foram-se com ela todos os bens, iniciou-se a derrocada, os cofres ficaram vazios, raspados! A História está aí, leiam os livros.

Os Andradas sabiam disso e sabiam, principalmente, que Pedro traidor não seria, não poderiam pedir isso a Pedro. Jamais negaria o pai, a família real e Portugal. Não esperassem isso de Pedro, ele não o faria. Jogaram, patrioticamente, a grande cartada psicológica. O jovem Príncipe, impulsivo e arrogante, não engoliria uma humilhação. No seu “rebaixamento” residia o trunfo dos Andradas. E não deu outra, como se diz na gíria.

Na carreira do mensageiro, que enviaram ao seu encontro, trocando oito cavalos até chegar a Pedro, às margens do riacho Ipiranga, arriscaram o momento em que o Brasil se definiria. E venceram, os Andradas, a Maçonaria e Dona Leopoldina.

Caxias estaria de plantão, sempre em silêncio. Acho que poucos, no Brasil, falaram tanto em Caxias como eu. Duvido que alguém tenha falado, em tribuna, em quartéis, como eu. No princípio, eu não realçava Caxias, mas passei a vê-lo com grande admiração! Sempre em silêncio; era um homem solitário. O poder, os postos que ocupava colocaram-no numa redoma, onde ficou isolado. Estava ali para unir o Brasil, e foi o que fez, com o desconhecimento dos estudantes de todas as escolas do Brasil, até hoje. Por que não se estuda Caxias? Não sei. Foi um homem notável, mas acho que não estudam Caxias de propósito, a sua envergadura é muito maior do que todo o resto do Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O pronunciamento do Ver. Pedro Américo Leal, em nome do PPB e em nome da Mesa Diretora, demonstra o acerto da sua indicação como orador em nome da Mesa. Meus cumprimentos, Vereador Pedro Américo Leal.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra pelo PC do B.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.), às vésperas das comemorações dos cento e oitenta anos da Independência do Brasil em relação a Portugal, impõe-se uma profunda reflexão acerca do presente e do futuro da Nação Brasileira.

Como historiador, não me é permitido cair no ufanismo dos que ignoram os limites da independência conquistada em 7 de setembro de 1822, principalmente porque, na prática, a Inglaterra substituiu Portugal enquanto metrópole dominante. Mas, também, possibilita-me enxergar que, nesses cento e oitenta anos, apesar das marchas e contramarchas, das injustiças e exclusões, o Brasil se constituiu como Nação - com a sua unidade lingüística, com a integração de seu imenso território, com sua cultura e psicologia próprias e originais - enfim, como Pátria! E é exatamente isso que se encontra seriamente ameaçado nos dias de hoje!

Em nome de uma “globalização” – que mal disfarça o velho imperialismo das canhoneiras – os Estados Unidos da América, armado até os dentes, impõe aos povos do mundo sua dominação econômica, política, militar e cultural.

Utilizando-se do FMI, da OMC, do Banco Mundial e com o apoio de elites retrógradas e entreguistas – deslumbradas com os afagos e as migalhas que lhes são concedidas por seus novos senhores – o todo poderoso Império do Norte nos impõe a total abertura das fronteiras aos seus capitais, mercadorias, serviços e, inclusive, forças de ocupação – como no vergonhoso episódio da entrega da Base de Alcântara, no Maranhão, onde nenhum brasileiro poderá entrar, sequer o Presidente da República, sem autorização norte-americana!

O desamor à Pátria é tamanho que – frente a tais entreguistas – Silvério dos Reis poderia ser considerado um patriota e Calamar, um nacionalista!

Não satisfeitos em entregarem o País em subasta pública – o seu subsolo, siderúrgicas, petroquímicas, telecomunicações, ferrovias, sistema energético, bancos e tudo mais que encontraram pela frente, dilapidando o patrimônio construído pelos nossos antepassados – agora estão desmantelando as próprias Forças Armadas, garantes últimos da soberania nacional.

Nesse sentido, a recente dispensa de mais de 85% dos conscritos ao serviço militar, devido ao corte de verbas, é emblemática. Parecem querer tornar mais fácil a dominação da nossa Pátria pelas grandes potências mundiais que há muito voltam seus olhos cobiçosos para nossa imensa e rica Amazônia.

Mas outro Brasil é possível. O povo brasileiro possui energias, possui amor à Pátria e, certamente, este 7 de setembro será um momento para relembrarmos o grande destino que esta Pátria pode ter. Passemos a construir um novo Brasil: um Brasil de soberania, um Brasil de desenvolvimento, um Brasil de liberdade, um Brasil de progresso.

A nossa mensagem, gostaríamos que fosse mais otimista; aliás, ela o é, porque o presente é grave, mas a perspectiva de um outro futuro, a nosso ver, se avizinha, e juntos teremos condições de construir um outro Brasil que realmente esteja à altura dos seus filhos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na minha vinda para esta Casa, pensava em como poderia abordar esta data, esta semana tão significativa para o nosso País. Tenho o maior orgulho de ser brasileiro, sou apaixonado por esta terra. Veio-me à mente falar sobre a soberania do nosso País. Acho que não é mera coincidência que, nesta Semana da Pátria, estejamos tendo a oportunidade de nos manifestarmos, através de um plebiscito, sobre a ALCA. A ALCA é um dos ataques mais violentos à soberania do nosso País, e este momento é extremamente oportuno para alertarmos o País sobre o que está por vir caso venhamos a participar da Associação do Livre Comércio das Américas. A ALCA nada mais é do que uma extensão do que foi o NAFTA, na relação com a América do Norte, que agora está sendo estendida para a América Central e América do Sul. As conseqüências que podemos observar em um país como o México, após o acordo do NAFTA, dá-nos uma dimensão do que poderá acontecer com o nosso País, com a nossa soberania, com os nossos trabalhadores, nossos empresários, enfim, com o que temos de mais caro no Brasil. Após o acordo do NAFTA, houve um crescimento do desemprego no México de 49% para 75%, fazendo com que os trabalhadores mexicanos vivam numa situação extremamente miserável. O número de empresas nacionais daquele país que quebraram, que desapareceram, após o acordo do NAFTA, é impressionante. Os direitos trabalhistas, os direitos que foram consagrados na Constituição, todos, pouco a pouco, foram alterados em função desse acordo com o NAFTA. Para os senhores terem uma idéia, o NAFTA possibilitou - nos mesmos termos que está previsto o acordo da ALCA - que o capital estrangeiro questionasse as leis de proteção ambiental que eles julgassem obstáculos para o desenvolvimento do comércio. O grau de ingerência que esse acordo vai ter no nosso País é enorme, vai acabar fazendo com que ocorra não só um aumento do desemprego, mas afetará diretamente os nossos direitos sociais já conquistados. Gerará o desemprego e fará desaparecer o que consideramos a nossa empresa nacional, que é um dos elementos fundamentais no sentido de constituir essa idéia de País, essa idéia de Nação.

Eu acredito que, nesta Semana da Pátria, abre-se um espaço, e acho que é o momento oportuno para que façamos esse alerta, façamos esse chamamento, convocando as pessoas a dizerem sim para o Brasil, a dizerem sim para os brasileiros e votarem não à ALCA. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em nome do Partido Democrático Trabalhista.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É extremamente oportuno, neste momento, o ato que se realiza nesta Casa, ele é emblemático.

Há alguns dias, por iniciativa do nosso colega Ver. Elói Guimarães, do Partido Trabalhista Brasileiro, esta Casa comemorava o Dia do Soldado, data esta que antecede, em alguns dias, as comemorações alusivas à Semana da Pátria. É extremamente positivo este evento, esta Sessão Solene, porque nos proporciona restabelecer e fazer uma reflexão sobre algumas questões fundamentais e, sobretudo, resgatar as nossas raízes históricas. Isso é fundamental. Em alguns momentos, nós negligenciamos a Bandeira e, muitas vezes, a esquecemos. Esquecemos, muitas vezes, os nossos símbolos, e a homenagem dos Legislativos, das escolas e de outras instituições, em relação a algumas datas fundamentais da nossa trajetória histórica, permite-nos resgatar a nossa história e trazê-la viva nos nossos dias.

Uma historiografia que se diz de vanguarda, muitas vezes, pretendeu diminuir algumas figuras e algumas datas emblemáticas da nossa história. No entanto, o próprio clima em que o País vive e o momento histórico nos permite o restabelecimento, o resgate e a consagração dessas datas. Uma delas é a da Independência e outra a do resgate - como bem aqui aludiu e referiu o Ver. Pedro Américo Leal - de um figura extremamente importante e que foi, muitas vezes, no curso da história, da contemporaneidade, distorcida, que é a figura de Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. Faz bem V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal, quando pretende resgatar a figura de Caxias, símbolo maior da unidade nacional pela qual tanto lutou. Por isso, a Sessão Solene, que hoje se realiza, é fundamental para a compreensão do nosso passado e, repito, para o resgate da nossa história e de figuras que constituíram o painel dos nossos heróis.

É tão importante o 7 de setembro de 1822, e - como aludiu o Ver. Raul Carrion - estamos praticamente a vinte anos das comemorações dos duzentos anos da Independência. Ela é tão importante e tão de vanguarda, pois os movimentos de independências, trinta, cinqüenta, oitenta anos anteriores a ela, foram fortemente reprimidos, desde o de Felipe dos Santos, na Bahia, até o da nossa maior figura, Tiradentes, que foi enforcado, assim como alguns de seus seguidores, outros seguidores foram degredados. Então, com referência à Independência política, à qual hoje nós prestamos e rendemos as nossas homenagens, é necessário fazermos uma grande reflexão, porque, anos antes, alguns foram para o cadafalso, para a forca, perseguidos e degredados. Eu não quero entrar nas circunstâncias da contemporaneidade e da atualidade, mas quero ter a convicção de que uma reflexão sobre um passado nos dá exemplos a seguir. O que representa, efetivamente, na consciência de cada um, a luta pela liberdade e pela independência do nosso País? Cada um que faça os seus exames de consciência sem querer estabelecer o conflito neste momento. Mas me proponho, exatamente como fez V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal, uma profunda reflexão sobre as figuras e as datas que V. Ex.ª aqui referiu com tanta propriedade.

Gostaria de me estender um pouco mais, mas o Ver. Reginaldo Pujol, na presidência dos trabalhos, é um homem que segue a tradição e, sobretudo, me adverte sobre o meu tempo, e, sob o testemunho e a presença de homens que seguem a disciplina, que são os representantes das nossas três Armas, eu me submeto e rendo-me, Ver. Pedro Américo Leal, à disciplina e obrigo-me a encerrar o meu pronunciamento. Mas fica aqui a nossa consideração final em nome da minha vertente partidária: a Independência representou, sobretudo, o início de um processo que tem uma continuidade contemporânea e importante na unidade nacional, que é o nosso País. Viva o Brasil! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Antes de passar a palavra ao próximo orador, solicitamos aos colegas Vereadores que entendam que há um Regimento a ser cumprido, uma limitação de tempo estabelecido, nesse próprio Regimento, com a qual temos sido bastante tolerantes.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra e falará em nome do Partido Trabalhista Brasileiro.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta Sessão Solene, em homenagem à Pátria, esta institucionalizada nas regras da Câmara Municipal de Porto Alegre, porque nós entendemos, todos nós, que a Pátria é valor absoluto, que a Pátria é unanimidade.

Sob ela, a Pátria, existe um conjunto de tantos outros fatores importantes e institucionais, como as próprias instituições, as ideologias, as tendências, eu até diria os governos, mas a Pátria sobrepaira como valor acima de todos esses valores, que não são menores, que são importantes, mas a Pátria é um conceito fundamental de compreensão.

Então, muitas vezes, quando se traz à análise determinados fatores, por mais importantes que sejam, esses não se encartam dentro da grande conceituação de Pátria, que é a própria Pátria, porque esse é um valor supremo, é um valor maior e esse valor, Pátria, deve a todos nos envolver. Tomou-se um episódio importantíssimo, fundamental, da história, que é a Independência, para nele, e a partir dele, e em função dele simbolizarmos a Pátria, mas a Pátria é muito maior.

Conceituou-a Rui Barbosa, e tantos outros que lhe seguiram: a Pátria é o homem, é a mulher, é o céu azul, é o Cruzeiro do Sul, é os nossos mares, é a criança, enfim, a Pátria é exatamente essa dimensão, superior, maior, onde todos, pelos nossos sentimentos... Porque Pátria também é sentimento, é consciência do valor da própria civilização, dos valores humanos.

Então, não cabe o debate ideológico, o debate esse ou aquele, quando se está diante da Pátria, da concepção de Pátria, que é valor supremo.

Tivemos, aqui, a oportunidade de, por assim dizer, por meio da boa vontade do Ver. Pedro Américo Leal, fazermos uma Sessão Solene ao Dia do Soldado, oportunidade em que fizemos uma reflexão sobre as Forças Armadas, porque exatamente se tratava de algo contigente. As Forças Armadas são um pedaço ou uma parte da Pátria; esta Casa é uma parte da Pátria, os nossos filhos, as gerações futuras, enfim, são partes dessa grandiosidade que é a Pátria, que, no Brasil, teve, na Independência, o seu alicerce, o seu início, mas que é algo que sobrepaira como valor absoluto.

Então, hoje, estamos saudando esse valor supremo que é a unanimidade. Não pode ser entendido diferente, senão unanimidade, que é a nossa Pátria, integrada pela Nação, o seu povo e por esse imenso território continental importante. A Amazônia é a Pátria, os nossos valores históricos, os nossos valores culturais, o nosso desenvolvimento, e, exatamente, constituem essa grandeza eternamente imorredoura que se chama Pátria.

Então, ao encerrarmos, queremos aqui saudar este momento em que a Câmara Municipal de Porto Alegre tem a oportunidade de reverenciar algo que está dentro de todos os nossos corações, nas nossas consciências, que é a Pátria, a Pátria comum, a Pátria de todos nós, a Pátria que não pertence nem a essa ou aquela facção, mas a Pátria de todos nós. Esse é o grande sentido da Pátria, esse sentido único e imorredouro. Portanto, fica aqui, Sr. Presidente e autoridades, a nossa homenagem para que continuemos a saudar e a defender isso que tem de ser unanimidade, que é a nossa Pátria, porque ela é comum a todos nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Despede-se o Ver. Guilherme Barbosa. O Ver. Luiz Braz está com a palavra, em nome do Partido da Frente Liberal.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ex.mo Sr. Presidente, Ver. Reginaldo Pujol, saúdo todas as autoridades já nominadas e cumprimento o meu querido amigo Ver. Pedro Américo Leal, que nos deu essa oportunidade de fazermos a nossa saudação à Pátria nesta homenagem que a Câmara presta a todos os cidadãos.

Lembro, Ver. Reginaldo Pujol, que aqui temos os militares, que têm a função especial de defender a Pátria com as suas estratégias, com a força, com o poder das armas para guardar as nossas fronteiras, para afastar todo o perigo externo e para apaziguar os ânimos dentro dos nossos limites. Aqui também temos os civis, que têm a sua função de amar e respeitar a sua Pátria. Mas eu me lembro, Ver. Pedro Américo Leal, que cresci estudando numa escola que me ensinava a amar e reverenciar a Pátria, ensinava-me a cantar os hinos patrióticos, ensinava-me o valor que a Pátria tinha para todos nós cidadãos e crianças.

De repente, o tempo passou, os tempos mudaram e as nossas escolas começaram a não mais ensinar esses valores para as nossas crianças, e começamos a cunhar uma nova sociedade. De repente, eu vejo, no Palácio que é sede do meu Estado, a recepção, como estadista, de um cidadão que é líder do tráfico internacional. Eu vejo ser hasteada a bandeira de Cuba no Palácio que é a sede do meu Estado. Eu senti, naquele momento, que a Pátria estava sendo ultrajada. Eu senti, naquele momento, que a nossa soberania estava sendo colocada em perigo. Eu não quero ver, Ver. Pedro Américo Leal, os meus filhos, os meus netos, os filhos desta Nação crescerem num País assim. Não quero ver os filhos desta Nação crescendo sem ter a liberdade de ação.

Tudo aquilo o que os nossos antepassados fizeram até aqui, toda a cultura que nós apreendemos foi, exatamente, para que pudéssemos viver em liberdade e com muita democracia.

Nós aprendemos que devemos respeitar uns aos outros, por isso nós nos assustamos, quando, de repente, no transcorrer dos quinhentos anos, num local público, alguns vândalos, bem orientados por poderes oficiais, acabam desrespeitando as idéias de outros que apenas desejavam fazer uma saudação histórica a um momento que foi extremamente importante para todos nós.

Devemos ter consciência dos perigos que estamos vivendo no momento. Os perigos, é claro, vêm dos campos econômicos, e acredito que nós, que somos homens públicos, que somos representantes públicos, devemos agir com honestidade, com inteligência, para que possamos também defender a nossa Pátria destes gananciosos que querem tomar as riquezas e o patrimônio dos nossos cidadãos. Todos temos esta obrigação.

Alguns entreguistas, com algumas bandeiras nada parecidas com a nossa, com bandeiras que têm uma coloração completamente diferente, querem fazer com que nós pensemos que tudo o que foi feito está errado e que não temos futuro, a não ser o futuro que eles nos oferecem. É um futuro de muita guerra, de muita miséria, de muita balbúrdia, de muita bagunça, no qual apenas eles dominam, porque é assim que fazem nos outros locais onde conseguiram chegar ao poder. É isso, Ver. Pedro Américo Leal, que nós, que somos homens públicos, que representamos a sociedade, devemos defender. Devemos defender esta sociedade contra esses homens que não querem o nosso bem, que querem apenas o bem de seu grupo ideológico, que não querem o bem da Pátria, que forjaram em suas mentes uma Pátria somente para eles, que não é a nossa Pátria, não é Pátria de todos nós, não é a Pátria dos nossos filhos, não é a Pátria que nós sonhamos, não é a Pátria que nós defendemos e que vamos continuar a defender até o fim dos nossos dias. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra e falará em nome do Partido Humanista da Solidariedade.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sete de setembro de 1822, cento e oitenta anos de Independência! Que daqui a vinte anos, quando nós estivermos aqui – e estaremos, com a força de Deus – possamos comemorar o bicentenário desta Nação com a paz que buscamos todos os dias.

As palavras certeiras do Ver. Luiz Braz, o posicionamento do Ver. Pedro Américo Leal, no dia da homenagem ao soldado, momento em que eu não pude falar, mas, hoje, estou aqui falando.

As colocações feitas pelos Vereadores Raul Carrion e Elói Guimarães me remetem para o passado, levando-me a - depois que resolvi ser, paralelamente à minha carreira de locutor esportivo, um homem público, um homem diretamente ligado ao Parlamento da minha Cidade - ter momentos de intensa emoção, como estes de hoje. Vou dizer por que: tenho orgulho das Forças Armadas do Brasil e tenho uma ponta de inveja de todos vocês. Até os meus oito, nove, dez anos, pela minha cabeça, na cidade de Castro, no Estado do Paraná, o meu sonho era servir ao Exército e ficar no 13.º Regimento de Infantaria, o 13.º RI, na cidade de Ponta Grossa, no Paraná.

Mas o destino nem sempre guarda para nós os nossos sonhos, e tive de cair para outro lado nas atividades que um ser humano abraça. Tenho esse orgulho de poder, neste momento, dirigir-me a vocês, que formam as Forças Armadas do Brasil, e entendendo que, apesar de todas as dificuldades que temos, com certeza, podemos contar com vocês, porque temos uma Pátria para defender. Defender não com baionetas, com canhões, com mísseis exocets, com “o diabo que o valha”, com essa parafernália de armas de guerra, de destruição, que a nação norte-americana impôs ao mundo, sobrepujando a própria União Soviética, depois da guerra fria, depois da corrida armamentista, ficando como donos absolutos do pedaço.

Os Estados Unidos são uma pátria; que ela fique lá. Cuba é uma pátria, Ver. Estilac Xavier; que ela fique lá. Colômbia é uma pátria; que ela continue lá. E a nossa Pátria, aqui, será defendida por nós. E, tomara a Deus, todos nós, brasileiros, teremos a força que tivemos até agora, alicerçada na fé de todos nós, homens brasileiros, para que não precisemos mais usar de armas para defender os limites do nosso território. Com paz, muita paz, e com o desejo de cada um de nós, brasileiros, de sermos felizes, vamos encarar o que vier pela frente, na certeza de que o futuro será bem melhor.

A inveja é algo que não deve existir, mas vocês entendem essa pontinha de inveja que tenho de vocês, que estão com esses uniformes garbosos, bonitos, em defesa da Pátria, não com tiro, mas com a palavra de paz e harmonia. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Após a manifestação dos vários Vereadores que representaram, e muito bem, as várias correntes de pensamento que têm assento nesse sodalício global, nós queremos manifestar a nossa satisfação por ter recebido, no dia de hoje, tão ilustres pessoas que vieram abrilhantar esta Sessão Solene que, impositivamente, pelo Regimento da Casa, deve ser realizada sempre no transcurso da Semana da Pátria. Assinalo, lembrando-me do pensador paisano que “nem todos os caminhos são para todos os caminhantes”. Aqui ouvimos Vereadores com enfoques filosóficos e doutrinários diversos, mas todos uníssonos num particular: todos, sob o seu ponto de vista, queremos ter um Brasil socialmente justo, economicamente livre, politicamente soberano e culturalmente desenvolvido. Temos a certeza de que isso é o que querem todos os brasileiros. E não é preciso que se faça uma homenagem como hoje estamos a fazer à Semana da Pátria, ao Dia da Pátria, que é tão distante de todo dia, de todo momento dos brasileiros, responsavelmente, com óticas diferenciadas que comungam dessa idéia e partilham desse caminho único de ter a nossa Pátria sempre colocada numa posição à altura daquilo que ela representa para todos nós.

Do companheiro Haroldo de Souza, jovem lá em Castro, do Ver. Pedro Américo Leal, que é uma das glórias do Exército Brasileiro, do Ver. Elói Guimarães, que é uma tribuno brilhante, do Ver. Raul Carrion, um homem destemido nas suas posições, do Ver. Pestana, do meu Líder, Ver. Luiz Braz, quero que todos os senhores levem a certeza de que aqui, como nas Forças Armadas, como nos quartéis, como nas fábricas, como no campo, como nas indústrias, como no comércio, todos nós amamos a nossa Pátria acima de qualquer coisa.

Por isso agradeço a todos pela presença, especialmente às autoridades aqui já nominadas, a todos os senhores e todas as senhoras, o nosso muito obrigado por terem nos dado o privilégio de contarmos com as suas presenças nesta Sessão Solene no dia de hoje.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense, que será executado pela Banda da Brigada Militar, regida pelo Maestro Subtenente Marco Aurélio.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h25min.)

 

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